JOLDA S. PAIO - 4970 630 ARCOS VALDEVEZ - PORTUGAL

CASA DA BREIA

 

A Casa da Breia situa-se no lugar da Breia, na freguesia de S. Paio de Jolda neste concelho de Arcos de Valdevez.

Temos notícias da casa, como propriedade da família, através de um testamento feito à morte de Manuel José Cardoso Pinto, nascido em S. Braz, S. João de Tarouca a 26 de Março de 1770, Coronel de Milícias e Cavaleiro da Ordem de Cristo, que casou com D. Umbelina Gertrudes da Piedade de Morais Sarmento, nascida nos Anjos, Lisboa a 17 de Fevereiro de 1783.

Neste testamento, entre vários outros bens, consta:

Inventário e Partilhas amigáveis que entre si fazem Dª Umbelina Gertrudes da Piedade Cardozo e seus filhos Manuel Hygino Cardozo Pinto, José Simplicio Cardozo Pinto e Dª Catarina Bernardina de (…) Cardozo, dos bens que ficaram por falecimento de seu marido e Pai, o Coronel Manuel José Cardozo

RELAÇÃO DOS BENS

(…)

Uma quinta no reino de Portugal provincia do Minho denominada Breia com seis casebres comprada a José Pedro e……que foi avaliada na quantia de um conto e quinhentos mil reis moeda de Portugal e na de tres contos de reis moeda deste paiz

Uma Quinta denominada S. Paio que foi dos Mellos situada na Provincia do Minho do Reino de Portugal que foi avaliada em um conto e quatrocentos mil reis moeda portuguesa e em dois contos e oitocentos mil reis moeda deste paiz

Um Campo denominado a Lameiro tambem na provincia do minho do reino de Portugal avaliado na quantia de trezentos mil reis moeda portuguesa ou na de seiscentos mil reis moeda deste paiz

Um Campo denominado da Vinha tambem na provincia do Minho do Reino de Portugal que foi avaliado na quantia de cem mil reis moeda portuguesa e na de duzentos mil reis moeda deste paiz

José Simplício Cardoso Pinto de Morais Sarmento, nascido em Campina, Belém do Pará, no Brasil, a 2 de Março de 1810, herdou do pai esta quinta, tendo casado em Ponte de Lima em 1833 com D. Francisca Cândida Coutinho da Cunha Osório, nascida em Santa Marinha de Arcozelo, Ponte de Lima, em 1807.

No dia 1 de Janeiro de 1842 nasce em S. Paio de Jolda, Augusto Carlos Cardoso Pinto Osório que, no culminar de uma brilhante carreira ao serviço da justiça, foi Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, tendo falecido no Porto em 1920.

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No seu livro “Lembranças da Mocidade” escreve:

(…) Meu pai, José Simplício Cardoso Pinto de Morais Sarmento, era administrador do concelho de Arcos de Val de Vez, nomeado por alvará em 11/06/1845. Por alvará de 13/05/1846 foi nomeado administrador do concelho de Ponte de Lima, lugar de que, pelas circunstâncias politicas da época, não chegou a tomar posse, sendo nomeado definitivamente em 1847, servindo até 1851(…) Impedido do exercício do cargo, havia-se aquele recolhido à sua casa e Quinta da Breia (…) Colocada essa casa na estrada, que conduzia à sede do concelho, era ponto quase obrigado para a paragem das tropas, tanto das que vinham da vila como das que se dirigiam para ela. Amigos e adversários, o Barão do Casal e os seus oficiais cartistas, o Conde das Antas e os seus oficiais revolucionários lá estiveram.Era meu pai um conhecido partidário da Rainha e da Carta, que constituíam o credo da sua religião política. Por elas, estudante, saído de Coimbra, havia sido preso, em uma casa da calçada da Pampulha, e conduzido aos cárceres de Belém, donde só pode sair pela circunstância de ter nascido no Brasil (…)Foi julgado prudente que meu pai se afastasse de sua casa. Exigiu-lho minha mãe. Ela é que ficava. Nela se conservava para receber, conforme podia, os oficiais e mandar dar vinho aos soldados, se o exigissem (…) Meu pai foi, dessa vez, para um lugar escuso, onde se guardavam as alfaias da igreja paroquial. Levou-me consigo. (…) Um soldado ébrio, que ia na retaguarda, apontou a espingarda para pessoas, que estavam às nossas janelas, e que tiveram tempo de retirar-se.

Nesta época, a estrada real vinha do Carregadouro e passava entre a fachada Poente da casa e o Monte da Breia, daí resultando que o portal, que ainda hoje existe, fosse a entrada principal da casa. O acesso à casa era feito por uma escada que se encontrava a Norte, podendo ainda hoje ver-se, no interior da casa, o que então era a porta exterior.

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Quando foi aberta a estrada que liga Ponte de Lima à vila de Arcos de Valdevez (actual EN 202) a antiga estrada real, com a sua calçada medieval, passou a caminho público; com a instalação do ramal de fornecimento de água da rede pública, esta calçada foi destruída.

Datam provavelmente do princípio do século XX as obras realizadas na casa, tendo sido colocada a escada de acesso na fachada virada a nascente; é então que é construído o jazigo de família no novo cemitério

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Assim, no princípio do séc XX a Casa da Breia tinha, no piso térreo, os lagares do vinho e a adega onde este era guardado; nas divisões existentes guardava-se também o azeite e estavam os tanques de salga, sendo o acesso feito por três portas viradas a nascente, e um alpendre virado a Norte.

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No piso superior ficava a zona de habitação, sendo o acesso ao piso térreo feito por uma escada de madeira que terminava num alçapão.

Data de 1962 o projecto de remodelação da casa, assinado pelo então jovem arquitecto Fernando Távora; neste coloca uma dedicatória: “À memória do Dr. Jaime Pinto Osório F. Távora Arqu 25.4.62”

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A fachada da casa é então completamente alterada, assim como a disposição interior, sendo os lagares desfeitos e o piso térreo transformado em parte integrante da casa de habitação.

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Em 1998 foram efectuadas as primeiras obras nos anexos da casa, adaptados para a actividade de Agroturismo.

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Ligada à história da casa está a actual Igreja Paroquial; no seu interior encontra-se a capela lateral que pertencia à casa.

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Breia, 28 de Outubro de 2012

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